Maria
Carolina Bissoto
“Quem cala sobre teu corpo
Consente na tua morte
Talhada a ferro e fogo
Nas profundezas do corte
Que a bala riscou no peito
Quem cala morre contigo
Relógio no chão da praça
Batendo, avisando a hora
Que a raiva traçou no tempo
No incêndio repetido
O brilho do teu cabelo”
(Menino – Milton Nascimento)
Hoje completam-se 45 anos da morte do estudante Edson Luís de Lima Souto ocorrida no dia 28 de março de 1968 numa repressão policial no Restaurante Calabouço no Rio de Janeiro.
Edson
Luís nasceu em 24 de fevereiro de 1950 em Belém (Pará), vindo de família muito
pobre começou seus estudos em sua cidade natal e, posteriormente, mudou-se para
o Rio de Janeiro, prosseguindo seus estudos no Instituto Cooperativo de Ensino
que funcionava em um anexo do restaurante Calabouço, onde ele almoçava todos os
dias.
O estudante foi morto a tiros numa repressão
policial para desalojar os estudantes que haviam ocupado o prédio para evitar o
seu fechamento. O seu corpo não chegou a ir para o IML, sendo levado para a
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde foi velado.
No dia
de seu enterro, 50 mil pessoas saíram as ruas para protestar pela sua morte,
levando cartazes nos quais estava escrito “Mataram um estudante! Podia ser seu
filho”. O fato chamou grande atenção da população.
A
sua missa de 7º dia levou milhares de pessoas a Igreja da Candelária, e foi
reprimida com grande violência. Muitas pessoas ficaram feridas e muitos
estudantes foram presos.
A morte
do estudante do Edson Luís foi um dos marcos na luta contra a ditadura militar,
causando uma grande comoção pública e, em consequência, uma grande mobilização
contra o regime militar.
1968
como diria Zuenir Ventura “foi o ano que não acabou”, foi o ano das passeatas,
das grandes mobilizações e o ano da radicalização do regime principalmente
depois da decretação do Ato Institucional nº 5 em 13 de dezembro. A morte de
Edson Luís foi um dos marcos na luta contra a ditadura militar e deve ser
lembrada, pois situações de radicalização contra o movimento estudantil não
ficaram no passado, são atuais e precisam ser debatidas, entendidas e
combatidas.
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Este post faz parte da VII Blogagem Coletiva #desarquivandoBR http://desarquivandobr.wordpress.com/2013/03/24/vii-blogagem-coletiva-desarquivandobr/
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